Para o assunto de hoje, resolvemos tocar em um assunto que sempre gera controvérsia e desencontro de informações. Trata-se de todas as mudanças ocorridas no escudo do Operário Ferroviário ao longo de seus quase 99 anos de existência.
Antes de começarmos a repassar por todos os símbolos utilizados, cabe também uma breve explicação que acaba se tornando um clichê em se tratando de material esportivo e escudos e símbolos, mas as mudanças realizadas ao longo dos anos não podem ser considerado como algo com “grandes representações” ou “explicações” para tais. Entretanto, como qualquer mudança, podem sim ser consideradas “impactantes” para a época, mas sendo a mudança rapidamente absorvida pelo torcedor que vivenciou tal fato, e com certeza gerando manifestações favoráveis e contrárias a isso, mas que também encontram-se perdidas ao tempo, sem a existência de qualquer relato para podermos falar com mais exatidão.
E estas explicações via de regra acabam se perdendo, por ser comum a mudança se tratar através da decisão de poucas pessoas, diferentemente dos dias atuais, onde o futebol possui um caráter extremamente profissional e cada passo ou mudança é minuciosamente pensada visando uma resposta positiva e de melhor visibilidade publicitária.
Para não nos alongarmos muito, vamos ao que interessa:
Para o ano de 1941, ano este também da inauguração do Estádio Germano Kruger, o alvinegro de vila Oficinas exibe um escudo inspirado no São Paulo Futebol Clube, mas nas cores alvinegras e com listras verticais no interior do triângulo abaixo das iniciais OFEC.
1947:
No ano de 1947, o escudo alvinegro passa por nova modificação, sendo agora idêntico ao símbolo tradicional do Botafogo Futebol e Regatas do Rio de Janeiro. Esta mudança possui 2 explicações. A primeira, passa pela situação de ascensão e prestígio que o clube carioca se encontrava no final da década de 40, e a segunda explicação parte do apelido dado ao time secundário do Operário há algum tempo já era chamado de Botafogo. Mas apenas em 1947 esta mudança passou a ser utilizada também pelo time principal.
1957:
Após ostentar por praticamente uma década o escudo similar ao Botafogo, no ano de 1957 presenciamos outra modificação no escudo.
Este símbolo possuí certas semelhanças com o símbolo da Associação Atlética Ponte Preta, da cidade de Campinas – SP. Entretanto, não podemos afirmar como sendo “inspirado” em tal escudo, até porque o formato utilizado pelo fantasma possuí diferenças com o escudo utilizado pela “macaca”, sendo a parte superior do clube pontagrossense formado por duas “meia luas”, já do clube campinense possui apenas uma “meia lua”. Este símbolo passou também por uma pequena modificação em seu período de utilização, sendo que alguns momentos (leia-se em alguns uniformes), o formato se assemelha exatamente com o escudo atual.
Vale ressaltar também a originalidade do uniforme utilizado, sendo ele todo quadriculado, fugindo do tradicional listrado em preto e branco.
1961:
No início da década de 60, o alvinegro começa a utilizar um de seus símbolos mais originais. Trata-se do escudo praticamente inteiro negro, com um fantasma em seu interior. Assume-se oficialmente o seu apelido, dado pela imprensa curitibana anos antes, devido ao clube pontagrossense literalmente assombrar os times da capital, jogando de igual para igual, e sendo comum vitórias alvinegras contra os demais adversários de Curitiba.
Coincidências a parte, este escudo foi utilizado no título da zona sul de 1961, e no contestado título paranaense deste mesmo ano, onde com o famoso caso “Agapito”, o Coritiba mesmo com jogador irregular é considerado campeão, e o Operário Ferroviário fica com o vice-campeonato.
1976:
Para o campeonato estadual de 1976, o alvinegro continua com ostentando seu mascote em sua camisa, sendo agora ele redesenhado e sem a presença do escudo anterior. Visualmente falando, em minha opinião pessoal, passa a ser um fantasma mais “alegre”, e menos “agressivo” como o anterior .
Vale também ressaltar a beleza e originalidade do uniforme, sendo que em décadas seguintes, vemos outros clubes utilizando uniformes semelhantes a este, como o Atlético Paranaense e o Figueirense na década de 90.
1979:
No final da década de 70, o Operário passa a utilizar um escudo que causa controvérsia até os dias atuais devido ao seu formato. Muitos insistem em dizer que a inspiração deriva do Santos Futebol Clube, entretanto podemos ver que o Operário Futebol Clube, da cidade de Campo Grande – MS apresenta um escudo idêntico.
Estes dois clubes estavam em evidência no final da década de 70, sendo o Santos ainda com a forte influência causada pelos excelentes times das décadas de 50 e 60, com Pelé, Pepe, Coutinho, Zito dentre outros craques.
Mas o clube matogrossense também estava em alta naquele momento, conquistando o tricampeonato matogrossense (1976,1977,1978), e fazendo excelentes participações no campeonato brasileiro, alcançando no ano de 1977 a terceira colocação nacional.
Não nos cabe a julgar ou taxar este escudo como sendo inspirado em um clube ou outro. Até porque não existe qualquer comprovação concreta e oficial para que possamos afirmar que trata-se de uma “homenagem” a qualquer uma das outras equipes, diferentemente dos símbolos apresentados nas décadas de 40.
Cabe também citar, que durante todo seu período de utilização, vemos ele sofrer pequenas mudanças, como na coloração da faixa transversal, em alguns momentos com a coloração de fundo na cor preta, e em outros momentos na cor branca.
1981:
No início da década de 80, ai sim o alvinegro de Vila Oficinas passa a utilizar o seu escudo que é utilizado até os dias atuais.
Em um formato original, sem qualquer semelhança ou influência de qualquer outro clube, é uma marca facilmente identificável como sendo nossa.
Mas mesmo este formato utilizado desde a década de 80, passou por modificações discretas chegando até ao modelo ostentado nos dias atuais. São elas:
A bola dentro do interior do escudo:
Do ano de 1981, até o ano de 1987, a bola do interior do escudo é similar as antigas bolas de futebol, sendo ela em tiras e não em gomos.
A primeira modificação observada é identificada no uniforme utilizado em 1987, onde a bola passa a ser no formato de gomos pretos e brancos, apresentando o gomo central na coloração preta, e os demais intercalando as cores para as extremidades. Sua impressão era chapada, em 2 dimensões.
No ano de 2008, com o início do fornecimento do material esportivo pela empresa Unuzual, a bola sofre nova alteração, passando a ser tridimensional, e apresentando vários gomos nas cores pretas e brancas. Esta modificação permanece até os dias atuais.
Inscrições Externas:
Outra variação apresentada ocorreu recentemente, no meio do ano de 2009 após a volta alvinegra pra a elite do futebol paranaense. A equipe de marketing do Operário Ferroviário adicionam externamente ao escudo as inscrições “Operário” na parte superior, e “Uma paixão desde 1912” na parte inferior. Sendo esta a ultima modificação realizada no símbolo alvinegro.
Créditos de Imagens: José Cação Ribeiro Junior
Excelente texto, Marcos. Vale a pena destacar que, diferente dos dias de hoje que o símbolo/ marca de um time é extremamaente valorizado e protegido, década atrás em muitas vezes o OFEC jogava somente com a camisa listrada alvi-negra, sem escudo algum também. Ela já falava e metia medo por si só.
ResponderExcluirE em muitos anos, com no campeonato ganho em 1961, jogos de camisa diferentes eram usados, com escudos ou não, com o fantasma no escudo ou não, sendo que as vezes havia no uniforme do goleiro um escudo e nos demais jogadores outro.
Em relação ao escudo desde 80, gosto da explicação que ouvi na época de criança e que sempre guardo: o formato de brasão seria pelas placas de sinalização da ferrovias; a bola obviamente pelo jogo; a faixa diagonal em branco - que o diferencia do Santos e do Operário de Mato Grosso do Sul - com a sigla O.F.E.C. representaria a linha férrea e as listras verticais alvi-negras representariam a camisa listrada e as cores sempre usadas desde 1912, sem modificação da original, diferente do Santos que era originalmente também azul.
Pode não ser a versão oficial, mas que é bonita, é bonita.
Um abraço e parabéns pelo excelente trabalho
Ângelo Luiz De Col Defino
Muito boa a matéria, Marcus.
ResponderExcluirO escudo de 76 é bem feio, em compensação a camisa é linda.
O escudo atual é de longe o mais legal. Se tivesse que fazer alguma modificação, só colocaria a bola do logo " contra o futebol moderno"
http://3.bp.blogspot.com/_ekSrI2PDOq0/TVCo_H6kFyI/AAAAAAAAAao/fsJ9zxHAzh0/s250/fut%2Bmod.jpg
Mas assim como está, já está muito legal.
Eu particularmente prefiro o escudo de 1961, entre todos os quais o Operário já utilizou.
ResponderExcluirAlém de ser completamente original, é um escudo que bota medo em qualquer adversário...
Ficaria muitíssimo feliz se um dia o Operário reutilizasse ele novamente, nem que fosse apenas no terceiro uniforme inteiro preto, ficaria sensacional.
E quanto a explicação do Angelo, eu já ouvi esta mesma história quanto a formação do escudo atual. Sobre a veracidade dela, não podemos dar certeza, mas que é uma baita explicação, isto é...