sábado, 12 de março de 2011

A rivalidade Opeguá - E a provocação de 1952

Olá a todos.

Hoje vamos comentar um pouco, sobre uma das grandes rivalidades existentes no futebol pontagrossense, se não a maior rivalidade existente por várias décadas; a rivalidade entre o Operário Ferroviário e o Guarani, ou simplesmente Opeguá.

São inúmeras as histórias existentes sobre estes confrontos que literalmente movimentavam Ponta Grossa, mas hoje iremos nos apegar apenas em uma imagem que reflete muito bem toda essa rivalidade existente.

Antes de analisarmos a foto em específico, é pertinente fazermos uma breve introdução para os que desconhecem essa rivalidade, que para os mais novos pode até parecer estranha ou inexistente, devido até ao grau de diálogo e apoio mútuo que existe atualmente entre ambas as diretorias, sendo que atualmente não é raro os treinos da equipe profissional do Operário Ferroviário ocorrer no simpático Estádio Joaquim de Paula Xavier, sede do Guarani, localizado no Jardim América.

A rivalidade entre alvinegros e rubro negros, antes de tudo, é uma rivalidade de classes, ocorrendo em um período onde os clubes representavam fielmente algumas categorias ou etnias, sendo neste caso, o Operário Ferroviário um clube formado por trabalhadores, em sua grande maioria ferroviários da RFFSA, e o Guarani um clube burguês, contando em seu quadro de associados uma significativa parcela de comerciantes e representantes da alta sociedade pontagrossense.

Só esta diferenciação de classe, já seria o estopim para uma grande rivalidade, em uma Ponta Grossa ainda pequena, mas podemos também somar para o crescimento desta rivalidade e para considerarmos como a principal rivalidade local mais 2 fatores.
Primeiro a proximidade existente entre o Operário Ferroviário e sua sede no Estádio Germano Kruger; do Guarani Esporte Clube, sediado ao lado do Estádio Joaquim de Paula Xavier.
E o segundo fator, talvez o principal, é de formação e destaque de ambos os clubes, onde o Operário fundado em 1912 e detentor de 16 vices campeonatos estaduais. E o Guarani surgido apenas 2 anos depois, em 1914 e detentor de 2 vices campeonatos.

Sendo comum por várias décadas, devido a dificuldade de transporte por todo o estado, a sub-divisão do campeonato paranaense por regiões, onde os campeões regionais iriam disputar o título estadual, alem das disputas dos campeonatos pontagrossenses, muito disputados e com equipes tradicionais como o América, o União Campo Alegre(UCA), Cruzeiro, Olinda dentre outros.

Com este caráter mais regional, que se apega a disputa entre Operário e Guarani, que geralmente acabavam brigando para quem seria o melhor representante local. Esta rivalidade se estendeu por 6 décadas, terminando ao final da década de 60 com o licenciamento do futebol profissional até os dias atuais do Guarani.

Operário Campeão Invicto de 1952 – A provocação


Voltando a imagem que nos motivou a dar o pontapé inicial, vemos a formação da equipe alvinegra de 1952, Campeã Invicta do Campeonato Princesino.

Também vemos nesta imagem, pertencente a família de Alceu Meister, e disponibilizada no site da Rádio Clube Pontagrossense(PRJ2) uma grande provocação ao Guarani, através dos desenhos laterais, onde o índio(mascote do Guarani, também conhecido como bugre) encontra-se abaixado e triste, onde um fantasma imponente literalmente quebra sua flecha. Caricatura provocativa esta reforçada pela legenda: “O Fantasma Quebra a Flecha Bugrina”

Voltando ao campeonato Princesino de 1952, ele foi disputado pelas seguintes equipes: América Pontagrossense, Olinda, Vasco da Gama (do bairro da Ronda), União Campo Alegre, Caxias, Iraty, Cruzeiro, Municipal (da cidade de Prudentópolis), Caramuru (da cidade de Castro), Palmeiras ( do bairro São José), além de Operário Ferroviário e o Guarani.

Neste campeonato, disputado em uma primeira fase onde todos jogaram contra todos, classificaram para a segunda fase em ordem de classificação respectivamente: Operário Ferroviário, Guarani, Caxias, Caramuru, Iraty e Municipal.

Nesta segunda fase, onde todos jogaram novamente contra todos, a campanha alvinegra foi a seguinte:

Operário 3 x 2 Iraty
Operário 3 x 1 Caxias
Operário 3 x 2 Municipal
Operário 4 x 0 Caramuru

E para o último jogo do campeonato, um Opeguá para definir qual equipe se tornaria Campeã Princesina de 1952, disputada no dia 28 de dezembro de 1952 terminou com o placar de 1 a 0 para o Operário Ferroviário, gol marcado por Julinho no segundo tempo, consagrando assim mais um título para o Fantasma.

A equipe campeã do Operário Ferroviário foi a campo neste dia com: Alfredo, Simonetti e Bonato; Dica, Dino e Raio; Candinho, Hélio Dias, Paraílio, Duílio e Julinho.
A equipe do Guarani, vice campeã princesina entrou em campo com: Lavalle, Jango e Narciso; Freitas, Baltazar e Janguito; Jerônimo, Ernesto, Lelo; Claudionor e Heros.

Enfim, bons tempos aqueles que com certeza causa saudades a muita gente, mesmo a aqueles que não puderam presenciar um verdadeiro Opeguá, como meu caso...

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